Esse é o segundo artigo de teor pessoal que pode ser encontrado nesse blog. O primeiro artigo é o O ano que mudou a minha vida, que foi escrito em 01.07.2016.
Para dar uma continuidade para quem leu, no dia 19.07.2016, estava iniciando na empresa B2W Digital. Quando escrevi o artigo, ainda não tinha previsões de quando voltaria para um emprego de carteira assinada.
O artigo tinha como foco, ser motivador e sincero. Não foi uma escolha tirar um tempo para mim. Basicamente, fui jogado em uma situação onde estava sem emprego, muito estresse e com traumas. Boa parte do esforço que tive no ano descrito, foi para me recuperar e tenho consciência de que alguns traumas se arrastam até hoje.
Em julho de 2016, estava com as forças renovadas e tinha conseguido superar muitas coisas.
Equipes e códigos
Do dia 19.07.2016 até 15.03.2019, pude trabalhar com boas equipes e evoluir bastante no meio da programação. Tive mais experiência com o node.js
no back-end, react
no front-end e até experiência como líder de equipe.
Também tive experiência como líder em 2014/2015, mas não oficialmente. O cenário era: Ser o único responsável de front-end, ter a contribuição de 7 estagiários (seo, campanhas, ux, ui e comercial) e ter mais uma pessoa de back-end, para uma loja online de seguros e previdência. Então, sentava com todos, para definir padrões e estratégias. Por mais que a ideia era passar conhecimento, também obtive bastante. O lado ruim, foi acabar me sobrecarregando e somou com o que descrevi no outro artigo.
Trabalhei com muitas pessoas no período de 3 anos e também tive a oportunidade de fazer o meu primeiro projeto que foi para produção, com react-native
. Junto com o meu líder de equipe na época, fizemos a área de produto para as lojas Americanas, Submarino, Shoptime e Sou barato.
Como líder, tive a oportunidade dada pelo meu gerente na época, de liderar 2 projetos internos. Um era utilizado pelo pessoal de marketing, para gerenciar as peças que são mostradas nos sites do grupo e outro, era para criação de campanhas. O primeiro já existia, o segundo foi criado do zero. Atuei fazendo toda a parte do front-end, também mexendo na parte de back-end com os outros desenvolvedores e como líder. Éramos em 3 pessoas.
Participei de algumas equipes e projetos. Destaco o Allan Carvalho e o Luiz Felipe, que foram respectivamente líder e gerente da minha pessoa, por um tempo. Obrigado pelas oportunidades e pelo profissionalismo. Nem vou enumerar as pessoas desenvolvedoras, pois, posso esquecer alguém.
Tudo deu certo. Esses projetos como vários outros, estão em produção até hoje.
Dilemas
Com a evolução, vem alguns dilemas. Como desenvolvedor já fiz vários projetos do zero e considero ter sorte por isso. Já perdi as contas de quantos projetos de componentes e projetos completos, já fiz do zero.
De 2016 a 2019, teve uma grande quantidade de desenvolvedores que passaram pela minha vida. Muitos trabalharam comigo ou conhecia, por ser da mesma empresa. Começou a ficar esquisito o tamanho da rotatividade e isso trazia alguns dilemas.
- Todo mundo indo para fora, deveria ir também?
- Deixei de ser líder, pois não tinha poder de decisão e voltei para pleno, tenho que sair para virar sênior?
- A motivação está indo embora ou é apenas um desgaste temporário?
- Todos estão evoluindo, será que estou também?
Só uma observação, não ligo e nunca liguei para cargos. Já fui pleno, depois sênior, depois pleno e etc.. Isso depende muito da empresa. Só ligo para a questão financeira, que não pode diminuir. Então, quando cito pleno e sênior é mais por uma questão de reconhecimento. Pois acabou que isso me confundiu, ao saber realmente em que posição estou.
Parece bobo, mas hoje vejo que isso realmente me confundiu e me trouxe para um dilema que acredito que muitos vivem no Brasil.
Por experiência, é muito tenso ficar perdido entre pleno, sênior e líder. Por mais que isso dependa da empresa onde está, nos questionamos no contexto geral. Isso deveria ser mais nivelado entre as empresas. Assim, fica a questão de custo e benefício. Uma coisa é como se considera, outra é o que a empresa espera/precisa. Sendo o fator financeiro, as vezes primordial para as devidas escolhas.
Então, temos uma mistura de situações na área. O mais importante é se sentir confortável na posição que está, pois se não estiver, o caldo entorna muito rápido.
E nunca, nunca, nunca pense que será mais tranquilo estar em um cargo abaixo. O seu subconsciente não irá permitir que você dê menos que o seu melhor. Se trata mais de uma questão moral, em que você não conseguirá ficar bem consigo mesmo.
Planejamento
Se eu falar que planejei em detalhes ou com antecedência os momentos que tirei para mim, estarei mentindo com a cara lavada.
No ano que mudou a minha vida, não tinha para onde correr, tive que planejar rápido e só tinha a opção de me recuperar e colocar metas.
Agora, para esse ano dos desafios, os dilemas já estavam martelando e infelizmente, minha experiência como profissional estava frequentemente sendo desprezada. Nunca fui orgulhoso profissionalmente, talvez isso seja até um erro. Sempre me coloco abaixo da minha capacidade.
Também não sou impulsivo profissionalmente, sei exatamente quando começou e quando terminou a insatisfação profissional, sendo um processo de 1 ano. Então, não foi uma situação de um dia, onde um superior diz: “- Sei que tem anos de experiência, mas só faça o que estou mandando. O que importa e a meta, não a qualidade.”
E chega aquele momento que você se pergunta: “- O que estou fazendo da minha vida? Passei anos virando noites, dando o meu melhor e para quê?”
Assim, se deu a decisão de tirar um ano para os desafios. Nada planejado, mas sabia que as coisas não poderiam continuar como estavam.
Particularmente, consigo planejar muito rápido. Vou me lembrar para sempre, que no final de 2018, tive 10 dias de folga. O meu líder me informou no trabalho e planejei, comprei todos os voos e hospedagens em 2 horas, para 10 dias em 4 estados no nordeste. Deu tudo certo, nenhum furo e foi incrível.
Mãos à obra
Agora tinha que começar de fato um ano para mim. A primeira escolha foi dedicação à esse site, mudando a estrutura e adicionando mais coisas. O resultado foi muito bom. O número de visitantes aumentou em 10 vezes e agora em 2020, o número está 200% maior. Isso foi e está sendo muito motivador.
Com esse período, tinha como objetivo um tempo para o Hemerson, investi no lado pessoal e em relacionamento. Por mais que consiga manter a vida profissional e relacionamentos, nem sempre dá para conhecer pessoas novas, pois acabamos entrando na rotina de trabalho e menos tempo livre.
Os primeiros 6 meses se resumem nisso. Depois veio a ideia dos desafios, já que os meus projetos com o site e github, já estavam encaminhados. Em outubro de 2019, começaram os desafios de calistenia e de códigos que podem ser vistos no decorrer deste artigo.
Algo surreal e acredito que nunca mais terei tempo para essa correria insana. Foram 92 dias, que tive uma disciplina extrema. Já seria difícil ser apenas 1 desafio, mas 2, foi loucura. Fora outras coisas que fiz nesse período. Então, até a virada do ano, foi uma correria bem grande.
Abaixo, consigo mostrar como foram esses 92 dias e depois para finalizar esse ano, relaxei no nordeste.
Calistenia
Desafio de calistenia, totalizando 90 dias. A intenção era manter a disciplina de treinar todo dia.
Códigos
Desafio de códigos, totalizando 92 dias. #92daysofcode. A intenção era mostrar uma transição do básico para o avançado. Registrado no Instagram e no Github. Atualmente, transformando esses dias em artigos e atualizando esse blog.
Monólogo na caminhada
Aproveitei, para fazer monólogos rápidos durante a caminhada, que ficava mais dificil de raciocinar. Foi um desafio interessante.
Sonus et Rhythmus
Consegui registrar as minhas playlists e ter mais conteúdo.
IHMO Movies
Não poderia deixar de fora a minha paixão pelo mundo cinematográfico. Além de registrar no meu Instagram, consegui gerar conteúdo semanalmente para o Youtube. Os vídeos podem ser vistos aqui.
Jornada Relevante
É preciso ter um bom momento para relaxar e conhecer novos lugares. Para encerrar esse ano de desafios, tinha que ter essa viagem, para fechar com chave de ouro.
Considerações finais
Foram 9 dias no nordeste, dessa vez só no Recife, mas consegui dar um pulo em Alagoas, para conhecer Maragogi. No dia 22 de janeiro de 2020, tendo voltado de viagem no dia anterior, estava me encontrando no final do ano dos desafios.
A grana já estava no fim, afinal, uma hora ela acaba. O planejamento foi para 1 ano e uma hora chegamos na reta final.
Então, fiquei reservado em casa para não ter mais custos e esperar a volta para o mercado de trabalho. Fui tocando algumas coisas e analisando vagas. Fui deixando para março, pois a ideia era completar 1 ano. Na minha cabeça, não teria mais oportunidade ou não queria mais fazer isso novamente.
Por mais que você tire um tempo para você, coloque planos e objetivos, sempre se trabalha com a incerteza, pois aqui, ninguém tem renda infinita ou alguém para bancar. Podemos dizer também, que nem sempre o melhor para você, também fará bem para a sua imagem profissional.
As pessoas desenvolvedoras tem uma visão, as empresas tem uma visão e as pessoas de RH tem uma visão.
Como desenvolvedor e criador de conteúdo, estou sempre evoluindo, mas ainda temos visões engessadas na área de tecnologia. Um tempo para você, pode somar para uns, mas pode ser motivo de desconfiança para outros.
Então, as incertezas são muito grandes. Gosto de ser modesto, mas se me falarem que tenho coragem, pode ser que eu concorde. Afinal, não consigo dizer claramente de onde vem essa determinação. As vezes penso nisso e uma resposta seria que não tenho medo de trabalhar.
Já fiz muitas coisas nessa vida. Não tenho receio de trabalhar como jardineiro, pedreiro e mais. Talvez, seja isso, o baixo custo de vida e não ter dependentes que possibilitam a minha “coragem“.
Conclusão
No dia 01 de abril de 2020, estava começando em uma nova empresa e assim se encerrou o ano de desafios. A história após esse dia, continua em um próximo artigo pessoal.
Com esses 2 artigos, temos um resumo dos meus últimos 5 anos.
Se chegou até aqui, espero que essa história real te acrescente em algo. É interessante escrever sem saber como será o dia de amanhã e se nossos objetivos serão alcançados. Foi muito bom rever o artigo que escrevi há 4 anos e estar escrevendo um novo artigo pessoal, hoje.
Dei um pequeno azar em ficar 92 dias em uma correria insana, depois mais 54 dias em uma quarentena voluntária para poupar dinheiro e desde o dia 15.03.2020, em quarentena por causa da covid-19. Para tirar um tempo para você, é preciso ter coragem. Não sabemos o dia de amanhã e as coincidências podem ser bizarras.
Espero que se tenha mais um artigo com a continuação dessa história. Até a próxima.